Por: Orlando Júnior
A economia mundial tem sido construída com base num modelo linear de negócios, baseado em extrair, transformar, produzir, utilizar e descartar Este modelo começa a estar ameaçado, devido à disponibilidade limitada de recursos naturais. Projecções futuras indicam incompatibilidade entre os níveis de produção e consumo actuais e disponibilidade de recursos naturais para as próximas gerações.
Actualmente, a Humanidade usa o equivalente a 1,5 Planetas para proporcionar os recursos que usa e absorver os resíduos que gera, o que significa que a Terra leva um ano e seis meses para regenerar o que é usado num ano.
Assim, é fundamental uma nova abordagem do modelo de desenvolvimento económico dos países e do funcionamento das empresas, que coloque a racionalidade económica e ambiental no centro das preocupações dos dirigentes. Um novo modelo económico sustentável projectado para a Terra e não exclusivamente para o mercado , com o imprescindível respeito pelos princípios ecológicos e capaz de levar os seus benefícios a todos os povos.
A Economia Circular é um modelo que permite repensar as práticas económicas da sociedade actual e que se inspira no funcionamento da própria Natureza. Este é um conceito estratégico que assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. Substituindo o conceito de fim de vida da economia linear, por novos fluxos circulares de reutilização, renovação e restauração num processo integrado, a economia circular é vista como um elemento chave para promover a dissociação entre o crescimento económico e o aumento no consumo de recursos naturais e poluição.
Com fundamento na biomimética, área cientifica que tem por objecto o estudo das estruturas biológicas e das suas funções, procurando aprender com a natureza e utilizar esse conhecimento em diferentes domínios da ciência, ou seja, assimilação dos modelos, sistemas e elementos da natureza com propósito de resolver problemas complexos.
A economia circular ultrapassa o âmbito restrito das acções de gestão de resíduos e reciclagem, visando uma acção mais ampla, desde o redesenho de processos, até a optimização da utilização de recursos, circulando o mais eficiente possível produto, componentes e matérias nos ciclos de produção. Visando o desenvolvimento de novos produtos e serviços economicamente viáveis e ecologicamente eficientes, radicados em ciclos idealmente perpétuos de reconversão a montante e ajuste.
A transição para uma Economia Circular exige uma mudança sistémica, que afecta todos os intervenientes na cadeia de valor, assim como inovações substanciais na tecnologia, na organização e na sociedade como um todo. Requer uma necessidade premente de novas habilidades das pessoas, muito especialmente, de disciplinas criativas como a publicidade digital e não apenas dentro da ciência, engenharia, e tecnologia mas a um nível superior, o pensamento sistémico ajudará a construir as estruturas correctas e a orientar a mudança de comportamento.
O modelo da economia circular pode trazer benefícios a curto prazo e vantagens estratégicas a longo prazo face a desafios actuais como: i) Medidas para a prevenção de resíduos e para a promoção de uma concepção ecológica ou de reutilização podem significar poupanças para as empresas, permitindo ao mesmo tempo uma redução das emissões anuais totais de gases com efeito estufa; ii) A transição a uma economia circular pode ainda trazer benefícios como: a redução da pressão ao meio ambiente; maior segurança no aprovisionamento de matérias-primas; aumento da competitividade; promoção da inovação; estimulo ao crescimento económico e criação de empregos. iii)A economia circular pode fornecer produtos mais duráveis e inovadores, com vista a melhorar a qualidade de vida e permitir-lhes poupar dinheiro a longo prazo.
A implementação da economia circular é de um modo geral um novo modelo económico sustentável projectado para a Terra e não exclusivamente para o mercado.