Por: João Bruno de Morais
“Pensar como as pessoas mais próximas de nós pensam é a chave para tornar o impossível em possível”- Mahatma Gandhi
Todo ser humano, em certos momentos da sua vida, é tentado a se tornar um conservador, pois existe sempre algo a que ele gostaria de retornar. Mas ser contra toda a mudança, as vezes não funciona porque muitos dizem que não vai dar.
No entanto o que nos parece mais certo é aceitar as inovações, adopta-las até ao máximo possível, mas ao mesmo tempo controlando-as as nossas finalidades, de maneira que contribuam para a nossa qualidade de vida.
O nosso país está neste momento perante situações que podem vir a surtir em grandes transformações políticas. Se por um lado temos o General Ossufo Momade dado já como candidato certo da Renamo a presidência da República, na Frelimo se maturam as “incertezas”.
Não temos nenhum tipo de dúvidas em dizer que abordar o “assunto sucessão” a presidência da República e consequentemente na Frelimo pós 1986 sempre moveu com todo o “emocional político” nacional!
Desde sempre que movimentações, pré alianças, muitos interesses em jogo mas sobretudo entendimentos para o modelo assertivo da escolha do candidato tem sido o pão nosso de cada dia.
Assim para compreendermos melhor o que poderá acontecer apresentamos a seguir hipóteses relativas ao modelo de escolhas dos candidatos a candidato a presidência da República.
Hipótese 1:
Escolher os candidatos a partir da Comissão Política da Frelimo
Comentário: De iniciativa presidencial na administração Guebuza, a CP da Frelimo propôs três nomes – Alberto Vaquina, José Pacheco e Filipe Nyusi. Vozes discordantes apelaram ao bom senso e mais dois candidatos foram escolhidos através de 20 assinaturas do Comitê Central – Aires Ali e Luísa Diogo. Este modelo é tido pelos camaradas como altamente centralizador, antidemocrático e a imagem do Presidente da Frelimo. Tem a vantagem de ser um modelo com processo e procedimentos rápidos e desvantagens por ser um processo mais individualizado do que colectivo. Seria funcional se neste momento político a Frelimo estivesse coesa.
Probabilidade de ser real: 50%
Hipótese 2
Escolher os candidatos a partir dos Comités provinciais da Frelimo
Comentário: Quem atingisse mais de 50% de assinaturas dos membros de todos os Comités provinciais da Frelimo do país poderia ser o candidato. Uma espécie de eleições primárias. Este modelo de facto legítima politicamente os candidatos para serem avaliados pelo Comitê Central da Frelimo. Tem a desvantagem de ser um processo complexo e penoso devido as conjunturas eleitorais recentes que demonstraram que a transparência eleitoral foi muito nebulosa. Por causa das “boladas” pode ser um modelo que neste momento sociopolítico possa ser considerado não credível.
Probabilidade de ser real: 40%
Hipótese 3:
Escolher os candidatos a partir do consenso entre os Comités provinciais e os órgãos sociais da Frelimo – ACLLIN, OMM e OJM.
Comentário: Este modelo alicerça a coesão e o posicionamento dos camaradas. Tem a vantagem de ser um processo com procedimentos exiquiveis com a máquina partidária.
Uma comunicação entre os diversos e diferentes “vasos comunicantes” da Frelimo poderá viabilizar esse modelo. Três candidatos no mínimo e cinco no máximo. Daria credibilidade ao processo.
Probabilidade de ser real: 80%
Hipótese 4: Escolher único candidato a partir do consenso entre os Comités provinciais e os órgãos sociais da Frelimo – ACLLIN, OMM e OJM.
Comentário: O “hardware” da Frelimo permite que em cada sucessão se crie um novo “software” para produzir um “candidato natural”.
Pode ser que este formato de escolha única seja o ideal politicamente quer para o interior quer para o exterior da Frelimo.
Papel decisivo poderá ter o Presidente Nyusi neste modelo. Só ele está em condições políticas de fazer a ponte entre os vários e diferentes interesses coletivos e individuais da Frelimo.
Probabilidade de ser real: 90%
Hipótese 5:
Escolher único candidato a partir do consenso entre os membros do Comitê Central
Comentário: Não faz sentido político os membros do Comitê Central escolherem através de assinaturas para depois o mesmo órgão dentre os escolhidos voltar a escolher o mais votado para concorrer a presidência da República. Sendo assim pode ser que a Frelimo sinta necessidade de voltar a sua natureza política recuperando a sua tradição. A preservação da identidade sociopolítica da Frelimo neste momento conturbado contexto e tempo político exige um resgate das suas tradições. É possível que a Comissão Política com anuência de todos órgãos sociais e de todas as estruturas da Frelimo proponha ao Comitê Central um e único candidato e que seja escolhido a voto aberto. Esse modelo só demonstraria que os camaradas não estão divididos.
Assim dentro do contexto do “Centralismo Democrático” que coloca os mecanismos do sistema, estrutura e serviços em alerta máximo e impõe disciplina, históricos como Mariano Matsinha, Feliciano Gundana e Jorge Rebelo com ajuda estratégica de Jacinto Veloso, Eduardo Nihia, Raimundo e Marina Pachinuapa, Óscar Monteiro, padre Couto, Lopes Tembe, João Mumguambe e as experiências acumuladas de Joaquim Chissano, Alberto Chipande, Armando Guebuza, Graça Machel, Deolinda Guizimane, Janet Mondlane, Marcelina Chissano, Maria da Luz Guebuza, Hélder Martins, Teodato Hunguana, João Ferreira e tantos outros solucionem com firmeza e visão a “equação sucessão”.
Probabilidade de ser real: 75%
Para terminar queremos salientar que qualquer das hipóteses o Comitê Central só vai chancelar.
Também a escolha do modelo vai dar pistas das transformações que a Frelimo vai fazer futuramente.
De facto para tudo dar certo é preciso pensar como as pessoas mais próximas de nós pensam.
A Frelimo possui todos os ingredientes para pensar e tomar decisões.